ESG. Provavelmente o acrónimo que mais irá influenciar o comportamento corporativo nos próximos anos. Environment, Social e Governance são as palavras que vão definir este modelo e que demonstram forte correlação entre ações e resultados. Até há algum tempo atrás, o foco do ESG tem estado, no impacto ambiental e comunitário que uma empresa tem. No entanto, após o início da pandemia, registou-se uma gradual e cada vez mais evidente mudança, a proporcionar um maior destaque nas questões Social e Governance.

O "S" de ESG está relacionado com os impactos sociais, em particular na sua força de trabalho e operações. Embora as empresas possam estar cientes da necessidade de aumentar credenciais nesta matéria, ainda não existem métricas oficialmente definidas para calcular o desempenho de uma empresa em cada uma das três áreas. E por isso esta nova ordem coloca o Talent Acquisition e os RH no centro da discussão ESG, pois reside tanto no “S” como no “G”. Este impacto irá do recrutamento à gestão de talento, benefícios atribuídos, manutenção das equipas, remuneração e a todas as outras faces da experiência do colaborador.

Os trabalhadores querem que os valores ESG sejam representados e defendidos em todos os segmentos da sua vida, incluindo, naturalmente, a equipa onde se inserem. A mudança comportamental é evidente nos mais variados setores e as empresas estão sob pressão para adotar melhores padrões. O ESG é o novo normal no local de trabalho e, em breve, será uma estratégia padrão, em vez de uma mera proposta de valor.

Hoje, as empresas estão a sofrer por falta de candidatos e é mais difícil conseguir fazer match. Claramente, a força de trabalho não estava imune aos padrões de migração que a pandemia nos trouxe, dando tempo a todos e a cada um para reavaliar a sua vida – desde o propósito, até à rotina do dia-a-dia, onde os confinamentos, sem dúvida, foram uma excelente oportunidade para tomar decisões. O aumento da rotatividade tornou-se agora num dos maiores custos para as empresas que começam a ver com nitidez: temos uma “desconexão” nas pessoas. As campanhas de recrutamento falham, os candidatos são escassos e os profissionais continuam a mudar de rumo em praticamente todos os setores. Temos que nos concentrar numa importante mudança da COVID: a Vida com propósito tornou-se uma ocupação a tempo inteiro.

Depois da pandemia, as empresas vão precisar de novas táticas para se diferenciar, e uma estratégia ESG tangível será ideal para as forças de trabalho. O propósito e o impacto são importantes, mas as iniciativas, políticas e campanhas do dia-a-dia irão definir os valores sociais das organizações. A solução passa pelo desenvolvimento de ESG como uma estratégia de força de trabalho – ou seja, devemos incorporar questões ambientais, sociais e de governance na identidade e marca – com a atração e a retenção a serem vistos como benefícios.

Os responsáveis de Recrutamento e de Gestão (Management) vão estar mais atentos às métricas e o que isso significa para os negócios, numa perspetiva quantitativa, mas também qualitativa. Neste momento crítico, em que estamos a emergir da pandemia, não basta parecer que estamos em conformidade sobre questões como a Diversidade.  Os candidatos escolherão onde trabalhar e os colaboradores atuais, com base nestas temáticas e compromissos, decidirão se querem ou não ficar na empresa. Os desafios e impacto do ESG, o local físico de trabalho e os modelos de recrutamento estão a criar transformações permanentes e profundas nas organizações. Este pode ser talvez o momento mais emocionante de sempre para nos envolvermos. Perder o “comboio” pode ser “fatal”.

Para as gerações mais jovens, a remuneração e o branding continuam a ser interessantes fatores para escolher uma organização, mas são apenas ponderados ao lado de muitos outros, pois decidem o que torna um empregador “desejável”. Estes profissionais carregam o “poder dos números”. As empresas terão que considerar moldar a cultura corporativa em torno dos trabalhadores da próxima geração, se quiserem ter sucesso em atraí-los – os millennials e os talentos da Geração Z formam agora uma enorme força de trabalho full time em Portugal. E o que valorizam é diferente do que estávamos habituados. A felicidade, desenvolvimento, saúde e bem-estar estão agora acima de qualquer outra qualidade. Vamos por isso evoluir nesta temática quando os RH conseguirem influenciar a cultura corporativa, e isso só funcionará se existir abertura, transparência e inclusão por parte das lideranças que entendam a importância decisiva de integrar ESG na estratégia.

Autor: João Bernardo Gonçalves

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