Durante muito tempo, as principais preocupações das empresas no que diz respeito à retenção de talento cingiam-se a proporcionar aos seus colaboradores um salário atractivo, condições de trabalho confortáveis e ainda certificar-se que a sua empresa era reconhecida no mercado como sendo de prestígio, pelo menos no seu sector.
Isto explicava-se facilmente por serem estes os fatores que mais pesavam no momento de alguém decidir se queria ou não continuar numa empresa, ou estando em processo de procura de uma nova oportunidade, se optava pela empresa A ou B.
Porém, a crescente dinamização económica e os desenvolvimentos na tecnologia e comunicação vieram acrescentar a esta lista outros fatores, aliados a uma forte pressão por parte da geração Millennial, cada vez mais exigente e crítica.
O propósito e os valores das empresas
Assim, se há alguns anos era comum nas entrevistas que realizamos as perguntas dos candidatos estarem mais viradas para a vertente salarial, hoje em dia as questões têm sido outras. Claro que o package salarial continua a ser a principal preocupação, mas os candidatos, nomeadamente os mais juniores, começaram a ter outras perguntas sobre as empresas e sobre quem as gere. Mais, no momento de decidir aceitar uma oferta de trabalho, é cada vez mais frequente ouvirmos: “Identifiquei-me com os valores e propósito da empresa e com quem me vai gerir.”
Qual o papel de um líder ou gestor neste contexto? Naturalmente, todos quererão atrair e reter o melhor talento para a sua empresa. Um verdadeiro Purpose Leader será aquele que consiga transmitir de forma clara e transparente, não só aos seus colaboradores como ao mercado em geral, quais os principais valores, filosofia e cultura da empresa, isto é, qual o seu propósito.
Esta transparência deve traduzir-se numa comunicação assertiva e presente por parte do líder, principalmente no que diz respeito aos Millennials, de qual o objectivo comum e individual, qual o seu papel na empresa, que ferramentas irão ser disponibilizadas para o cumprir e quais as principais responsabilidades inerentes à sua função.
Uma queixa que ouvimos muitas vezes por parte de pessoas insatisfeitas com a sua empresa é a falta de avaliação ou de feedback – não basta definir quais os objectivos, é também necessário posteriormente analisar e avaliar a prestação de cada colaborador, definindo um plano de melhoria.
Outro aliado bastante útil à gestão corporativa consiste na análise do clima organizacional da empresa, por exemplo através de inquéritos de satisfação e motivação e de avaliações denominadas 360. A análise de eventuais problemas e a definição de um plano de mudança tendo por base esses resultados irá auxiliar o líder e contribuir para a evolução da empresa.
As pessoas querem também saber qual a responsabilidade social da organização – que causas apoia, que temas a movem? Sentem que querem acordar e ir trabalhar todos os dias para um sítio com o qual se identificam e pelo qual “vestem a camisola”.
As novas gerações valorizam especialmente este sentido de propósito, e diversos estudos têm comprovado que empresas em que as pessoas estão envolvidas e alinhadas com o propósito corporativo, que sabem qual o seu papel na organização, que objectivos têm e quais os passos ou caminho a percorrer para os alcançarem, são as empresas com maior eficiência e sucesso.
Face aos recentes acontecimentos e em contexto de crise, o papel de um líder reveste-se de especial importância. Numa altura de incertezas, as pessoas anseiam por alguém com quem se identifiquem e em quem possam confiar, alguém que, mais do que lhes diga o que fazer, as inspire e oriente em função de um propósito comum a todos.
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Publicado a 16/04/2020
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